Esses dias estava passando uma matéria na Fátima Bernardes, de mulheres na faixa dos 30 anos que sonham com as princesas (sim, aquelas da Disney) e vão fazer ensaios fotográficos, fantasiadas. Como amo tudo que se relaciona com a Disney e principalmente as princesas, resolvi parar tudo para assistir.
O que mais me impressiona é a evolução que esse ícone teve ao longo dos anos. Quando eu era criança as princesas em destaque, que estavam na TV e no cinema, eram a Branca de Neve, a Cinderela, a Bela Adormecida, Rapunzel… Todas elas, por mais que dessem nome às histórias e parecessem heroínas, eram na verdade vítimas das circunstâncias e passavam o tempo inteiro tentando sair das garras do mal.
Lembro das personagens perseguidas, aprisionadas, que sofriam maus tratos, e sempre tinham que esperar o príncipe chegar para salvá-las. Elas passavam a história inteira se dando mal, para no fim um homem (ou melhor, príncipe) salvá-la do destino cruel.
Aí nós crescemos. E passamos a nossa vida esperando o príncipe que vem nos salvar. Não de um dragão, mas das contas para pagar, da roupa para lavar, do chefe “cruel” (escreva aqui o seu dragão).
Eu comecei a prestar atenção nesse assunto quando eu assisti pela primeira vez ShreK. A princesa Fiona, na sua forma bonita espera pelo príncipe, mas quando o Ogro vai salvá-la ela coloca em check esse pensamento e descobre que não precisava ser salva.
Depois da Fiona, algumas princesas merecem destaque e realmente protagonizam o filme. Rapunzel do filme enrolados, que foge para conhecer o mundo e no fim descobre que são seus cabelos a causa do sofrimento, então simplesmente corta os cabelos. É muito significativo essa cena. Rompe com tudo que as princesas de antigamente nunca fariam.
Mas acho que nenhum outro personagem demonstra mais essa evolução das princesas quanto a destemida Anna, da animação Frozen. Ela é o herói da trama. Ela sai em busca dos elementos para quebrar a maldição e salvar o seu reino. Ela não espera o príncipe salvá-la.
Os contos de fada são uma mina de crenças. Não percebemos, mas absorvemos essas histórias com nosso subconsciente. Eu percebo que essas mudanças nas histórias atuais deixam as meninas dessa geração anos luz na frente das meninas da minha geração, que enquanto não perceberem que os príncipes não vêm salvá-las ficam frustradas e infelizes.
Fico feliz ao perceber que minha filha, hoje com 11 anos, admira a coragem das princesas e se espelha nisso para conquistar o seu mundo. O príncipe é importante fator na vida dela, que adora falar dos meninos da escola. Porém, no fundo ela já percebe que esse príncipe não precisa ser lindo, perfeito e disponível para salvá-la de uma vida infeliz. Que alívio pensar que essas meninas terão consciência de suas qualidades e força para dividir uma vida feliz com o homem que elas escolherem. Assim seja!