Quando pensamos em encontrar a pessoa certa para nós, é apropriado pensar em uma lista sobre o que desejamos que o amado tenha. Eu sempre peço para minhas parceiras uma lista completa de pelo menos 100 qualidades que buscam num homem, desde aspectos físicos até a cor da meia que ele usa.
Assim, a lista de atributos desejados inclui uma infinidade de coisas. Inteligência, charme, carisma, talento culinário, bom gosto para cinema. Além dessas características de personalidade, ainda existem aquelas mais palpáveis, como vida profissional e/ou financeira estável, maturidade para assumir uma relação, disponibilidade para o outro, vivência afetiva.
Cada pessoa preenche sua lista de requisitos conforme pensa nas coisas que a faria feliz. Não há item certo ou errado para essa lista, que pode ser uma tarefa para lá de divertida. Apesar de não haver fórmula ideal para elaborar a lista das qualidades que buscamos, existe um desafio básico e muito comum nessa hora. O fácil é preencher a lista de exigências em relação ao outro, mas o que eu tenho ma minha lista pessoal?
Para ilustrar isso, vou contar uma história que aconteceu comigo. Antes de me formar como coach, trabalhei como massagista e esteticista por muitos anos numa clínica de estética que era também o meu próprio negócio. Diversas vezes eu precisei contratar profissionais, pois eu estava sempre em busca de funcionárias dedicadas que viessem acrescentar ao negócio. Como eu aprendi fazendo entrevistas! Na prática, essa seleção de pessoal não é nada fácil, converse com qualquer empregador ou entrevistador e verá que não estou exagerando. É comum a maioria dos candidatos chegarem à entrevista mais preocupados com os benefícios que o trabalho oferece do que saber se o que ele oferece é compatível com os valores da empresa. Qual a remuneração? Há participação nos lucros, assistência médica, de transporte e alimentação? Quanto receberá por horas extras? Como é o sistema de férias? Há um plano de carreira?
No entanto, muitas vezes esses mesmos candidatos se esquecem de expor seu brilho com a mesma intensidade. Poucos candidatos começam uma entrevista preocupados em mostrar o que realmente sabem fazer, os motivos que a empresa tem para o escolher em detrimento de outro. Será que eu tenho os talentos necessários para ajudar a empresa a crescer? Será que eu vou realmente agregar valores que serão determinantes para o sucesso desse negócio? Um profissional que conhece seu potencial tem chances de crescer no mercado e não vai se iludir por respostas rápidas que um empregador possa dar numa primeira entrevista.
Quero dizer que nesse ponto, os relacionamentos afetivos e os profissionais se parecem bastante. Voltemos à nossa lista de características para o homem ideal. É hora de ser honesta consigo mesma. Ao elaborar seus requisitos, você costuma se perguntar o que pode oferecer em contrapartida? Esse é um aspecto fundamental, acredite.
Seja qual for a natureza de um relacionamento interpessoal, é preciso lembrar que o caminho é sempre de mão dupla. Se exigimos determinada ação, devemos estar preparadas para agir. Se queremos ver no outro romance, precisamos trazer algo que instigue ou nutra esse romance.
Sinta-se livre para determinar as características que você espera da pessoa certa, você tem todo direito. Em nenhum momento, porém, imagine que você não deva se adequar ao outro também. Relacionamento é, antes de mais nada, uma troca. Não há como unir dois mundos sem fazer concessões e adaptações. E é infrutífero direcionar esses desejos de mudança só para o outro porque aprendemos a mudar também.
Esperar que o outro mude para nos agradar é a receita perfeita para a frustração. Da mesma forma, esperar que o outro assuma a responsabilidade por nossa felicidade gera o efeito contrário, porque essa responsabilidade é nossa. O mundo não muda sem um empurrãozinho. E adivinhe de quem? Isso mesmo: seu!
Miria Kutcher