Amor Moderno – Muro (online) das Lamentações

Expor as frustrações nas redes sociais virou uma atitude corriqueira – que mostra muito além do que foi dito.

Apesar de existir a poucos anos, as redes sociais nos passam uma sensação de familiaridade e conforto. Muitas vezes, usamos o Facebook, Instagram, Twitter para manter contato com pessoas que estão um pouco distante; para acompanhar a evolução de amigos e parentes queridos; para expressar nossas opiniões e, até entrar em debates, acumular conhecimento, participar de grupos com os mesmos interesses que os nossos. Com tanto uso, nos sentimos a vontade para falar sobre qualquer coisa.

Mas, há algumas pessoas que usam esse espaço, público, para jogas indiretas. Sabem por quê? Porque não têm coragem de olhar no olho da pessoa e dizer o que realmente sente. Pode ser uma mágoa numa relação de amizade ou um rompimento amoroso. A questão é que muitas pessoas estão optando por jogar suas frustrações num post do Facebook ao invés de resolver a questão pessoal e definitivamente. Pensam que é mais fácil usar uma indireta para mostrar para um monte de gente como se sente a ser direta com uma única pessoa, encarando a própria verdade.

A palavra é prata.

No caso de romance, minha área de maior atuação como Coach de Relacionamento, percebo que isso tem acontecido com mais frequência: alguém compartilhando que foi deixada para trás, afirmando que os homens não prestam, reclamando de mais um “homem péssimo” ou de outra “mulher interesseira” que passou pela sua vida. Essa exposição de um sentimento é vista, compartilhada, comentada por dezenas ou centenas de outras pessoas, gerando uma onda de indiretas e frustrações. Essas pessoas estão criando uma onda de indiretas – porque as mensagens nem sempre mencionam o causador daquela emoção, mas dá pistas de quem seja.

Ao me deparar com um posts desses, me pergunto por que, ao invés de indiretas, a pessoa não tentou digerir a emoção e o sentimento, respeitando a si mesma?

 

O silêncio é ouro!

Tenho a impressão de que criou-se uma dependência de se expor. A pessoa acredita que está protegida. Ao compartilhar uma tristeza ou frustração, consegue se conectar a outras pessoas que têm o mesmo sentimento. O equívoco que eu identifico nesse comportamento é: ao se conectar com alguém por meio de tristezas, frustrações e até de provocações, a pessoa deixa de fazer a sua própria “cura” e, apenas, prolonga esses sentimentos ruins e vazios, que não contribuem para o seu desenvolvimento pessoal e amoroso.

Ao invés de respeitar a própria dor, acolhê-la e transformá-la em algo melhor, acredita que o fato de simplesmente transformá-la em um “status” atrairá o aplauso de outras pessoas. Mas essa é uma mentira. E é uma mentira tão grande porque impede de se conectar consigo, com o próprio silêncio; impede de refletir e levar a uma atitude de superação.

Realmente, às vezes, a vontade de jogar uma indireta pode ser irresistível. Porém, se isso acontecer, sente-se, respire fundo, conte até 70.  Porque colocar em risco o seu equilíbrio em troca de alguns poucos aplausos?

Miria Kutcher